O histericismo do jovem moderno


 Uma coisa chamativa do jovem entre 14−23 anos é a reação padronizadamente histérica que ele tem a tudo — seja àquilo que ele gosta e ao que detesta.
 Há uma conexão entre essa padronização e a gama de tribos hermeticamente formadas pela Internet. Não que isso não houvesse antes, mas o atrito entre as gangues e o mundo corpóreo forçava que existisse uma atitude mais natural às coisas. Cada um tinha seu jeito e uma latitude de diversidade se exercia, graduada pelo gosto comum que unia essas pessoas.

 Na internet, não. O gosto é modulado e as reações são as mais escassas possíveis, sempre padronizadas por uma série limitada de memes, frases-feitas, palavras códigos, gírias pobres — tudo isso paradoxalmente estruturado num desejo de ser bastante natural (já notaram como o estilo de escrita do jovem da internet reflete mais um desejo de "escrever falado"?)

 Não que o jovem de antigamente não fosse histérico. Mas, digamos, o jovem de maio de 68 sabia fazer um coquetel molotov e sabia o livrinho vermelho do Mao de cor. O jovem de hoje sabe fazer carinhas, boquinhas e usar foto com legenda esperta, mas emocionalmente árida.

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