Libertinagem guiando o povo

Autoria: Felipe Stancioli

 Para entendermos o lema da revolução francesa, temos que assumir que não podemos apenas toma-lo como parece, a união de três belas divisas, da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade. Mais do que isso, é preciso saber o contexto histórico desse lema e os valores que norteavam aqueles que o bradaram originalmente. Também devemos notar por quem e por que essa tríade continuou sendo evocada como emblema ao longo do tempo até os dias de hoje.

 Uma das obras mais representativas dessa lema e dos seus valores é a pintura de  Eugène Delacroix chamada “Liberdade Guiando o Povo”.  Antes de mais nada, essa pintura é o retrato da revolta da população parisiense, que, mobilizada pelas ideias liberais em 1830, sai às ruas para pôr fim ao intento de restauração do velho regime. A partir daí, a alta burguesia instalou no poder Luís Filipe, o "Rei Burguês", monarca constitucional, liberal, oriundo da Casa de Orléans. "De agora em diante, os banqueiros reinarão na França", afirmou Jacques Lafitte, banqueiro e político que participou das manobras para colocar Luís Filipe no trono. Ele tinha razão. Todas as facções da burguesia, como industriais e comerciantes, haviam participado da luta contra o poder real e a velha aristocracia, mas quem assumiu o poder na Monarquia de Julho foi apenas uma parcela da burguesia - a do capital financeiro.



 No centro da pintura está uma mulher de seios desnudos, segurando com a mão direita a bandeira tricolor da revolução e com a esquerda uma espingarda, enquanto guia o povo em um ataque feroz por cima de destroços e corpos caídos. Essa figura feminina no centro, personificando a Liberdade é muito importante. Chama muito a atenção também que ao lado da Liberdade, na vanguarda, está um menino, uma criança ou um rapaz bem jovem. Por que mulher e criança estão a frente do ataque? Mulher e criança representam os novos valores tragos pela revolução, a derrota do patriarcado e a derrocada do princípio de autoridade.  Como disse o próprio Karl Marx no manifesto comunista, “O capitalismo trouxe o fim da ordem patriarcal”.

 Liberdade, Igualdade, Fraternidade, representam, no fundo, a inversão dos valores sociais até então vigentes. Liberdade, significa então liberalismo político, econômico e moral. Igualdade significa individualismo, significa nivelar a sociedade por baixo, pelo aspecto quantitativo, o indivíduo não poderá mais ser categorizado, ele será apenas um número. E por fim, a “Fraternidade” é a consequência lógica de tal Liberdade e de tal Igualdade, pois Fraternidade aqui significa a imposição do governo dos irmãos, dos “iguais”, sobre o governo do pai, do aristocrata, do sacerdote, é uma irmanação contra a soberania do Rei. Hoje, podemos dizer que é a irmanação de todos sob o jugo do dinheiro. Pois o dinheiro é oque torna todos indivíduos iguais, que torna todos igualmente servos. No mundo dominado pela Fraternidade do dinheiro, a diferenciação entre servos e senhores se dá apenas quantitativamente, ser mais ou menos escravo nesse regime depende de quanto se tem, e não daquilo que se é.

 Podemos ver que até mesmo a ordem escolhida das palavras “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” é proposital e tem um toda uma lógica. Pode parecer irônico, mas o regime que tem a Liberdade como guia do povo, termina em escravidão de todos os povos. Na verdade uma sociedade livre jamais poderia ter a Liberdade como princípio. Porque a liberdade não pode ser um fim em si mesma, a liberdade é sempre relativa. Onde não há ordem, não pode haver liberdade verdadeira.
A partir disso, podemos propor duas coisas, a primeira é transparecer o que os termos-lema da revolução francesa realmente querem dizer. Então, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, seriam realmente “Sublevação, Desintegração, Subjugação”. Com o passar do tempo, tal lema passou a sintetizar todo progressismo, todo individualismo, toda desordem e descontrole individual e coletivo, toda subversão, existencialismo vulgar, niilismo e negacionismo. Liberdade hoje significa imoralidade, Igualdade significa o império dos instintos básicos, e Fraternidade significa solidariedade entre prisioneiros. 
    A segunda, que se nós queremos ir contra tudo isso, se queremos uma sociedade que reafirme os valores perenes dos grandes ciclos culturais e civilizacionais, devemos então rejeitar esse lema, e talvez, subverte-lo, e dessa forma subverter toda  a subversão que ele passou a representar. Por isso proponho que adotemos também uma tríade que sintetize os valores que serão o norteio dos nossos ideais políticos, ela será: “DISCIPLINA, AUTORIDADE, TRADIÇÃO!”

DISCIPLINA, AUTORIDADE, TRADIÇÃO!
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