Uma criança tenta alcançar algo em cima da pia e acidentalmente derruba um copo, que cai no chão e se quebra. A mãe ouve o som que faz o vidro após a queda e imediatamente carrega-se de estresse, franzindo a testa para externalizar suas emoções turbulentas.
Ela grita ainda ao longe, perguntando o que lhe foi quebrado e se aproxima da situação esperando já pelo pior. Ao deparar-se com os cacos pelo chão, dispara uma onda de negatividade sobre o acontecido e põe se a procurar danos em outros bens, muito antes de verificar a integridade física da criança que sem saber como agir diante à situação, apenas justifica-se e torce pela menor das punições.
Após investigar superficialmente o acontecido, a mãe dispara uma segunda onda de negatividade. Desta vez, não faz um discurso sobre o recém ocorrido e sim, sobre a diversa gama de outros problemas que ela enfrenta no seu cotidiano, fazendo a criança ser alvo de reclamações inúmeras sobre como a mulher que lhe deu a vida não consegue lidar com a vida que leva e atribui seu fracasso ao trabalho que tem em criar uma criança, pagar dívidas e manter a casa organizada.
A mãe consegue com isso, uma centralização negativa de ego que faz a criança acreditar que vive em um pedestal onde suas mínimas ações podem ter consequências imensuráveis e talvez catastróficas, mesmo que não tenham sido intencionais. Esta sensação é imposta de forma covarde para implantar internamente um sentimento de impotência, como uma forma de coerção e para que a criança passe a temer tal sensação e evite cometer novos erros. É um forte impacto cognitivo para que passe a acreditar que caso tivesse um comportamento impecável, não estaria mediante a nuvem escura que a sua genitora condensa sobre sua cabeça.
Cria-se com isso também, um ciclo martírio. Quando a criança tem pequenos erros associados a grandes problemas, seus mapas cognitivos perdem o senso de proporção e a induzem a acreditar que pequenas falhas na sua conduta serão constantemente responsáveis por grandes insatisfações pessoais. Em sua mente, não é apenas um erro ou um descuido e sim, uma brecha para que a vida a direcione ondas de negatividade onde tudo que não está de acordo com seus planos a façam naufragar e se perder em sofrimento por problemas que não tem alcance para resolver, mas o faz por estar acostumada a adotar o sentimento de culpa.
Artigo trecho do livro A depreciação emocional do homem, lançamento em breve.
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