O
racionalismo contra o racional
– Único capítulo que considero
complexo. Tem apenas como finalidade de introduzir o conceito usado ao decorrer
do livro, de que aquilo que é chamado de ciência como constituição não é confiável
toda vez e muito pouco tem realmente uma
ligação implícita com o método científico.
O
racionalismo, vertente ideológica muito cogitada nas faculdades, é a presunção
de que o entendimento da vida do ser humano começa a partir da sua a
investigação da certeza. A corrente filosófica se apóia na afirmativa de que
tudo que pode chegar a existir é capaz de ser compreendido pelo homem. Foi
criada uma vertente filosófica para pressupor que a ciência possui métodos para
explicar tudo que existe e por acreditarmos nisso, tornamos a ciência uma
divindade que em tudo existe e que quando algo não pode ser explicado por ela,
logo não pode existir.
Transformamos uma ferramenta que tínhamos para entender a existência daquilo que conhecíamos em uma ferramenta que temos para negar a existência daquilo que não conhecemos.
O objetivo de filósofos como René Descartes e
Friedrich Hedel, era o de provar que o homem era capaz de entender tudo, por
que sua vida começava a fazer sentido quando o mesmo tinha consciência da sua
capacidade de ver sentido na vida. O erro deles, porém, foi de não perceber que
definir a vida do homem ao início do entendimento sobre si mesmo, é a mesma
coisa que definir a vida do homem à medida que do entendimento sobre si mesmo.
Ou seja, da mesma forma que o homem pode despertar a consciência sobre si mesmo
quando busca o significado das coisas, o homem pode também impedir a si mesmo
de despertar a própria consciência quando não tenta buscar o significado das
coisas por achar que já o sabe.
A expectativa era que ensinar as pessoas que o
ser humano se diferencia dos demais animais por causa da consciência dos
porquês, e a realidade foi que o homem passou a não se importar de estar
igualado aos demais animais desde que ele tenha um por que.
Achar que a vida se baseia no entendimento do
mundo cria um ciclo interminável porque à medida que as pessoas acreditam que a
ciência pode explicar tudo que existe, passam a negar a existência de tudo que
a ciência não possa explicar. Também, se o homem torna-se consciente por que
questiona a realidade das coisas, passa a deixar de questionar quando a ciência
supre suas dúvidas; fazendo com que tal homem deixe de estar consciente porque
agora não mais questiona. O racionalismo diz que o homem questiona sobre a
vida, e que pra isso a ciência deve concedê-lo conhecimento, e essa concessão é
propriamente o que faz com que o homem acredite que já não precisa questionar. Seria
uma vacina que mata o hospedeiro para que o vírus não o cause mais a doença.
A suposição abstrata que é a ciência do século
XXI não precisa se provar na prática e por isso se tornou a deusa da teocracia ateísta
que o secularismo acabou se tornando.
Tendo uma suposição abstrata (uma presunção
que não pode ser posta em prática), é possível conduzir o pensamento de todos
que não possuem capacidade analítica para ter um sobre-questionamento. Qualquer
explicação que apresente respostas que estejam acima da capacidade de
assimilação do receptor é o suficiente para persuadir o indivíduo, que tem a
presunção de acreditar que a realidade é um resultado de fatores simples;
porque na ausência do entendimento sobre a questão, ele apenas adota a resposta
final que lhe foi dada e a reproduz, porque foi convencido com argumentos que
não entendia, então não podia contestar. Agora repete ideias que não entende e
também não pode provar veracidade. Porém, acredita que está consciente sobre um
tema, apenas porque aprendeu uma resposta satisfatória o bastante para cessar
suas dúvidas.
Para muitos tolos, obtenção da resposta é o
cessar da dúvida. Isso é o que faz com que muitos imbecis consigam se formar em
faculdades e serem escalados em altos cargos sem conhecer de fato a profundidade
do próprio ofício. Somos a geração do “não sei o porquê, mas é assim”.
A ciência se tornou uma religião para os aspirantes
ao ateísmo, pois sua finalidade como ferramenta é racionalizar o mundo, mas o
ser humano é curioso por natureza e os detentores do título de cientista passam
a explorar essa curiosidade para fins lucrativos ou egocêntricos. Talvez a
questão mais profunda que algumas pessoas possuem, seja sobre seu propósito na
vida. Querem saber de onde vêm, pra onde vão e o motivo de estarem vivos. Da
mesma forma que a ciência acusa a religião de estar se beneficiando das dúvidas
e dos medos dos fieis para se prevalecer como instituição, a ciência não faz
diferente. É capaz de se comprometer a responder questões fora de seu campo de
conhecimento apenas para sanar dúvidas e acolher os que têm medo.
Na área científica do jornal UOL em São Paulo
de 30/09/2015, a jornalista Maria Júlia Marques dá um exemplo claro de
religiosidade criada por consequência da ilusão da racionalidade científica,
onde baseia teorias em cima de teorias e alimenta fantasias que acreditam serem
racionais, mas estão distante da realidade na prática e não podem ser
experimentadas. Conforme ela mesma assume:
A
recente divulgação da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) de que há provas
da existência de água líquida e corrente em Marte fez com que a comunidade
cientifica se empolgasse e criasse hipóteses de que agora encontrar vida no
planeta vermelho pode ser apenas uma questão de tempo. Embora alguns tenham
animado-se com a notícia e imaginado como será morar em Marte, além de conhecer
os marcianos, é bom lembrar que o assunto é delicado e alguns estudos já
anunciaram ter encontrado vida fora do espaço, mas no fim a história não foi
bem assim.
A matéria segue
relatando 5 vezes em que cientistas se equivocaram, onde usaram de conhecimento
estratégico para persuadir leigos de que haveria uma mudança em nossas conclusões
sobre o universo.
Meteorito
Allan Hills 84001
Quem
era vivo (e adulto) em 1996 deve se lembrar da notícia que surpreendeu o mundo:
uma pedra marciana encontrada na Antártida tinha (pelo o que parecia) bactérias
fossilizadas. A rocha foi nomeada como Allan Hills 84001, tinha cerda de 2 kg e
tinha sido localizada em 1984 por caçadores de meteoritos. De acordo com os
cientistas, a composição do meteorito indicava que ele seria originário de uma
rocha vulcânica de Marte.
(...)
(...)
Por
mais que fosse mais bacana acreditar na vida em Marte, existia também a
hipótese de que um organismo terrestre antigo tivesse penetrado no meteorito,
que estava extremamente quente após passar pela atmosfera, e que esse organismo
tenha ficado ali preso enquanto a rocha esfriava e endurecia. A notícia
enlouqueceu muitos terráqueos, mas até hoje não foi possível confirmar se
realmente se tratam de restos de vida marciana, ou se são estruturas criadas
por algum processo físico-químico.
‘Bactérias
extraterrestres’
Em
2011, um artigo do astrobiólogo da Nasa, Richard Hoover, também causou
alvoroço. O cientista dizia ter descoberto evidências de bactérias
extraterrestres fossilizadas em três meteoritos que atingiram a Terra. A teoria
foi publicada no Journal of Cosmology, onde Hoover afirmava ter encontrado
evidências de organismos similares às cianobactérias na estrutura das rochas.
Porém, a composição dos organismos encontrados era diferente das bactérias
terrestres, o que provaria que vinham do espaço. O periódico recebeu duras críticas
da comunidade científica por ter veiculado a pesquisa. Mesmo causando muito
bochicho, não houve comprovação mais aprofundada da tese de Hoover.
Companhia
para o Curiosity
O robô Curiosity, que está desde 2012 em
Marte, descobriu quatro meses após sua chegada moléculas de água, enxofre e
percolato, um composto formado por cloro e oxigênio, no solo do planeta
vermelho. O perclorato tem partículas de carbono, elemento orgânico fundamental
para a formação da vida.
As cinco amostras foram coletadas na duna de
areia Rocknest, que fica na cratera Gale, e foram analisadas, também, pelo
CheMin e o Mahli, laboratórios e equipamentos instalados dentro do jipe-robô. A
esperança reascendeu, mas ainda não era uma forma de vida.
Estrela doce
Uma equipe internacional de astrônomos
detectou pela primeira vez açúcar ao redor de uma estrela jovem, informou o
Observatório Austral Europeu (ESO, na sigla em inglês), em 2012.
O grupo conseguiu captar moléculas de açúcar
no gás que rodeia a IRAS 16293-2422, uma estrela binária jovem que possui massa
similar a do Sol e está localizada a 400 anos-luz da Terra.
Encontrar açúcar não soa como descobrir a vida
no espaço, porém, os pesquisadores explicaram que a molécula encontrada é um
dos ingredientes na formação do ácido ribonucleico (RNA), que, assim como o
DNA, é um dos ingredientes fundamentais para a vida. Assim, este achado
demonstra que os elementos essenciais para a vida se encontram no momento e
lugar adequados para poder existir nos planetas que se formam ao redor da
estrela.
Metano em Marte
Em
fevereiro de 2005, cientistas da Nasa relataram novamente que poderiam ter
encontrado alguma evidência de vida atual em Marte.
Os
responsáveis pela descoberta eram os cientistas Carol Stoker e Larry Lemke.
Ambos afirmaram que provaram que há vida em Marte por ter detectado metano na
atmosfera de Marte. A produção, segundo a dupla, se assemelhava com a da vida
primitiva na Terra.
Pela superficialidade da pesquisa, a Nasa se
desvinculou do estudo, e os próprios cientistas recuaram das afirmações
iniciais. Apesar da fragilidade, a descoberta do metano ainda é debatida por
cientistas para aumentar as possibilidades de vida em solo marciano.
Apesar de citar vários casos onde a necessidade
de obter respostas fez com que uma crença desproporcional na ciência tenha levado
muitos ao engano, a jornalista termina seu artigo dando reforço ao mesmo
comportamento que induz ao erro, e cita:
Sem
perder a esperança
Mesmo com muitas descobertas sem um final
feliz, a esperança é sempre a última que morre. Em abril deste ano, o cientista-chefe
da Nasa, Ellen Stofan, afirmou durante um painel de discussões em Washington,
nos Estados Unidos, que as descobertas mais excitantes estão para acontecer nos
próximos anos. “Vamos ser otimistas… ainda no período de nossas vidas vamos
descobrir que há vida em outros corpos celestiais do Sistema Solar, vamos
descobrir as implicações disso para a evolução em nosso próprio mundo. Tudo
isso vai acontecer nos próximos 20 a 30 anos”.
Aqueles que se dizem investigadores da realidade
estão sempre em notoriedade por tentarem levar as pessoas à fantasia. O raciocínio
não define a si mesmo, é preciso ter algo para raciocinar a respeito e esse
objeto de raciocínio pode ser facilmente persuadido.
Entendendo
que a ciência se propõe a ser a religião dos que não possuem crenças religiosas
típicas, se pode compreender a razão de que tantos ateus consomem teorias
científicas com fim de sanar sua busca por um propósito. São inúmeros exemplos
de casos onde a tentativa de racionalizar o que está fora do conhecimento acaba
tornando o indivíduo tão crédulo no absurdo
quanto o mais radical religioso.
No mesmo jornal UOL, é notável a histeria a
respeito de temas que se disfarçam de ciência para promover crenças em uma
matéria do dia 01/04/2019 por Márcio Padrão.
Se o universo é tão vasto, por que ainda não encontramos vida inteligente fora da Terra? Existe um nome técnico para esse questionamento: paradoxo de Fermi, em homenagem ao físico italiano Enrico Fermi. Agora inventaram uma possível resposta: seria porque tais alienígenas estão observando a terra como parte de seu "zoológico galáctico". Esta teoria diz que há civilizações lá fora que sabem tudo sobre nós, mas intencionalmente se escondem dos terráqueos, o que explicaria o "grande silêncio" de nossos programas espaciais nunca terem entrado em contato com eles.
Além de ser
uma teoria completamente infundada, o autor assume talvez por inocência, que o
assunto foi debatido a sério por pessoas de relevância institucional.
A ideia geral da "teoria do
zoológico" não é nova: na verdade foi publicada na revista científica
"Icarus" em 1973 pelo astrônomo John A. Ball. Mas em um encontro no
mês passado promovido pela organização de astrônomos Meti --que investiga se há
vida no espaço-- o tema voltou a ser debatido com seriedade
Literalmente, está escrito “o tema voltou a
ser debatido com seriedade” então não se pode ignorar o fato de que o assunto
passou de uma suposição e está sendo investigado como hipótese.. Existe uma
linha muito delicada entre aquilo que é consumado como fato e aquilo que é
considerado um fato. Muitas teorias que já foram aceitas pelos conselhos
científicos internacionais se tornaram disciplinas aplicadas em escolas
primárias e logo em seguida desmentidas ou refutadas. Literalmente, a mente da
sociedade está à mercê de fatos que para muitos podem fazer sentido no campo
abstrato, apesar de não possuírem nenhuma base prática.
No próprio artigo, há comentários mostrando
que algumas pessoas usam não só da crença nessa ciência como são devotos a
estarem contra aqueles que se opõem aos seus ideias de estilo de vida. Um
comentário do perfil chamado Golias Carlos Brito em 03/04/2019 é o espécime
perfeito da devoção à fantasia científica:
A descrença na existência de vida inteligente fora da terra é por si só um dos motivos que não faremos contato no momento, pois é sinal de ignorância, e todos sabem que a ignorância é o fator base da violência, do egoísmo e, extrapolando, das guerras. Não estamos preparados para o contato, não evoluímos o necessário para tal fato, precisamos nos concertar como sociedade, eliminando todas diferenças sociais: raça, gênero e financeira. Essa evolução demorará ainda alguns séculos e virá alicerçada por desenvolvimento tecnológico, de comunicação e de deslocamento espacial. Temos que dar graças a Deus que seja desse jeito, pois, caso fosse feito contato por alguma espécie superior, e teria que ser superior para vencer o espaço-tempo que nos separa, muito provavelmente, seríamos dominados e extintos.
O indivíduo
possui todo um sistema de crença social qual promete deter a solução para os
problemas contemporâneos e pressupõe que os problemas que a sociedade enfrenta
são provenientes da ignorância.
Primeiro
que, todos os problemas citados no comentário são fatores que marcam a vida na
sociedade desde que temos registro de civilização, tornando mais provável que
tais problemas sejam provenientes da própria natureza humana, e não da falta de
modelação moral. Em segundo lugar, ele
atribui que as espécies de outro mundo não fazem contato conosco pelo fato de
que não acreditamos na existência dela. Diz também que essa descrença é sinal
de ignorância e que esse é o mesmo motivo pelo qual a sociedade não vive em
constante equilíbrio.
Ou seja, ele acredita que um mero fator pode
ser responsável para transformar o modo em que vivemos, e que sem a adesão a
esse fator, somos ignorantes e por isso não vivemos em harmonia.
Tentar
explicar o mundo apenas partindo das ideias que você consegue conceber, é uma
armadilha que o torna mais ignorante que aqueles que acusam de sê-lo. Pois não reconhece
a limitação da inteligência em si, e pressupõe erroneamente a ignorância no
outro. Mais no artigo: https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2019/04/01/zoologico-galactico-pesquisadores-dizem-que-terra-e-observada-por-aliens.htm

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