Esquerdistas não se importam com os pobres, importam-se consigo.

Autor: Breno Novaes

 Antes de iniciar o texto, vou fazer aqui uma discriminação da sua finalidade: nivelar até onde posso os termos dessa guerra psicológica que estamos vivendo e deixá-los bem claros aos meus colegas. O texto não é um debate de ideias, não é uma refutação lógica; é a exposição do caráter dos pequenos esquerdistas, que é até onde minha compreensão consegue chegar. Não é possível discutir ideias com essas pessoas, nem é a praxe delas. Então, este texto fala das próprias pessoas, com argumentos coerentes. Estamos em guerra, e guerra tem que ser lutada de forma proporcional entre as partes. Estou fazendo o que eles fazem, mas com razão.

 Os jovens classe média de esquerda não se importam com a condição material dos pobres que dizem defender. Importam-se, na verdade, consigo.

 Não se importar não é a mesma coisa que não querer. Estou extraindo do termo "dar importância" dois sentidos: quando o termo faz referencia a motivação e quando o termo faz referência a preocupação.

 Obviamente, os ativistas juvenis querem que pessoas pobres tenham condições materiais melhores. Mas, porque querem? Isto é, o que lhes leva a atuar como ativistas pelos pobres? A falta de preocupação com o resultado nítido de suas ações me leva a concluir que não é por um compadecimento genuíno pelo sofrimento dos outros.

 O que lhes motiva é CULPA. Nasceram numa época em que se pode dispor de tudo com muita facilidade e pouco trabalho. Da parte deles em particular, trabalho 0. São ingratos e rebeldes para com que lhes provê e menosprezam aqueles que construíram o que lhes possibilita ter conforto material: os seus pais e antepassados. Por fim, não trabalham para dar continuidade ao ciclo de conforto material.

 Em suma, são pessoas que têm uma vida que reis não sonhariam ter, em épocas de muito maior escassez; que não fazem a mínima ideia da origem dos bens que lhes proporcionam essa vida relativamente fácil, que não agradecem por essa facilidade e que, por fim, aderem ao conforto sem mover um músculo senão os necessários para reclamar.

 Diante de toda facilidade de que gozam, deparam-se, constantemente, com situações de miséria, sentem-se, por um lado, culpados por terem tudo o que precisam sem terem feito nada para "merecer" isso, e, por outro, sentem ainda mais culpa por continuarem a não fazer. A curva de culpa vai às alturas quando se deparam com o fato de não saberem fazer nada na prática, e fica em ascensão constante quando percebem que são inseguros demais para dar o primeiro passo com os próprios pés;

 Assim, querem desesperadamente que os pobres tenham condições nem melhores, mais absolutamente iguais, para poderem desfrutar de seus relativos luxos sem sentir o desconforto da culpa. Mas não sabem fazer nada, logo não saberão como tirar esse anseio do papel.

 Com o eventual exemplo dos pais, adultos que trabalham, fazem lá suas "atividades sociais" mas não coçam a porra do bolso, viram a merda da cara ou abrem a ameixa do coração para fazer a caridade de perto, olho a olho, aos pobres; recorrem ao Estado, ente com perfeita razão e detentor de toda potência para realizar aquilo que os civis não realizam, mas que precisa ser realizado. É isso que eles pensam do Estado no fundo. Com a escolha pela impotência e com essa concepção do que é o Estado, tornam deste último o único agente possível, e jogam para ele toda a responsabilidade. O Estado, consciente da contrapartida dessa responsabilidade -uma puta autoridade disfarçada de discurso populista- diz: "pô, nem queria". 

 Se o que motivasse esses jovens fosse realmente o compadecimento com o sofrimento dos outros, tomariam a responsabilidade para si, chamariam de caridade, não de "combate à desigualdade", e começariam a agir -trabalhar- sem pensar muito. Se se preocupassem, admitiriam a inocuidade de suas ações, inúmera, diversa, recorrente e secularmente comprovada.

 Inocuidade é pouco. O resultado da ação de jogar para o estado uma obrigação individual, concedendo a este um poder extraordinário, é justamente o contrário: ele criará leis que instituem a divisão para quem convém, diante dos critérios dos próprios governantes, por definição, desigual; cria direitos para pobres que nunca se efetivam, não têm lastro com a moral e que subvertem completamente a essência da caridade; e cria pobreza generalizada. Em termos práticos, o efeito é uma classe média ampla, paupérrima se comparada à abundância dos verdadeiros enriquecidos pela política e pelo lobby, ou à abundância inerente à imensa verdadeira capacidade de produzir que se tem hoje; uma classe pobre revoltada, crente de ter direitos sobre a propriedade alheia, e violenta; por fim, um Estado com poderes para fazer o que quiser. O resultado é, em suma, um Brasil da vida.

 Não atoa que aqueles que se beneficiam desse estado de coisas fomentam mesmo a culpa. Porque a culpa é um mecanismo demoníaco que prende as pessoas num ciclo de não-ação e mais culpa, não ação e mais culpa, não ação e mais culpa. Está aí: estudantes da PUC, dos colégios de classe média e alta, os Gregórios Duvivieres e as putas que os pariram fazendo campanha, ativismos, reclamações, protestos e o caralho, menos trabalhar, menos estudar pra ir no cerne do problema e saber o que estão falando, menos ajudar as pessoas de verdade; chorando histericamente, pelo fato dos "direitos dos mais pobres" não serem atendidos, há décadas.

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