Como a linguística é usada para enganar os leitores.
"Acabou o jejum de declarações polêmicas de Damares Alves. Nesta quarta-feira 24, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos justificou o abuso sofrido pelas meninas da Ilha de Marajó, no Pará, por falta de calcinhas"
O autor da manchete se manteve anônimo no site porque sua intenção ao afirmar a inverdade está evidente ao assistir o vídeo original de onde a frase foi retirada.
O site Carta Capital, assim como outros da mesma estirpe política, estão compartilhando uma interpretação de texto falaciosa que contradiz a fala da ministra com o propósito de difamação. Estão dando a interpretação equivocada de que Damares teria sugerido que as crianças do Marajó usassem calcinha para que não fossem abusadas, o que é falso, porque;
A fala da ministra foi:
"especialistas chegaram falar aqui para nós, no cabinete, que as meninas lá, elas são exploradas porque elas não têm calcinha. Elas não tem calcinha, não usam calcinha... são muito pobres! e disseram "por que que o ministério não faz uma campanha pra levar calcinha pra lá?" conseguimos um monte... mas por que levar calcinha, se a calcinha vai acabar? Nós temos que levar uma fábrica de calcinha pra Ilha do Marajó! gerar emprego lá, e a calcinha sai baratinha pras meninas lá! Então, já estamos buscando. Se alguém tiver aí, uma fábrica de calcinha e quiser colaborar com a gente, venha! mas estamos buscando empreendimentos para a ilha de Marajó, já estamos conversando com empresários."
o video citado torna explícita que a solução oferecida por alguém intitulado "especialista" foi dada em seu gabinete e tais argumentos foram apenas citados para serem contraditos com a proposta de levar empresas para a ilha.
O fato da ministra ter narrado o conselho que a foi dado de forma interpretativa, abriu a possibilidade da ambiguidade de interpretação, ao não determinar onde determinava o final do argumento primário (o conselho sobre as calcinhas) e onde começava seu argumento (elas são exploradas porque são pobres e já estamos conversando com empresários para gerar empregos).
Então, os jornalistas usaram da falta de clareza entre o limite entre da citação e o contra-argumento apresentado para dissimular todo o contexto do diálogo. Pior, usam pretensiosamente uma mensagem de Twitter que interpreta errado como referência de argumentação.
William De Lucca (@delucca)
A incapacidade da Damares Alves de compreender o mínimo é assustador. Achar que os abusos/estupros acontecem porque as meninas NÃO TEM CALCINHA é terrível vindo de quem deveria propor políticas públicas de enfrentamento a esta violência.
Solução: enviar calcinhas para o Marajó
Não só o argumento da base de argumento é ininteligível, a intenção da matéria é usar o ininteligível como parâmetro filosófico. Depois disso, usam a filosofia dada como parâmetro moral para julgamento posterior.
Isso é a arte da dissimulação, a mentira partindo da presunção da inocência.
Source: https://www.cartacapital.com.br/politica/damares-justifica-abuso-de-meninas-por-falta-de-calcinhas

Nenhum comentário:
Postar um comentário